A anta-pretinha, bicho solene das matas e alagados da América do Sul, carrega no dorso a sombra da noite e nos olhos a sabedoria dos antigos. Com seu corpanzil parrudo, focinho curioso e passadas decididas, ela caminha entre folhas e lama como quem desenha o próprio destino.

O que Anta-pretinha

Dona de um apetite caprichoso, se farta de folhas, frutas e cascas, espalhando vida por onde passa. Cada mordida, um convite pra nova floresta nascer. Sem ela, o chão ficaria órfão de sementes, e o verde perderia seu fôlego. Mas, ó, os tempos andam sombrios! O avanço impiedoso das cidades e a caça covarde ameaçam seu reino, empurrando-a pro limiar da existência.

Se a anta-pretinha sumisse, a floresta choraria sua ausência. O vento levaria seu nome em murmúrios, e as árvores, antes gratas, ficariam órfãs de sua jardineira fiel. Então, não é só sobre salvar um bicho. É sobre manter o ciclo, segurar o fio da vida antes que ele escape pelos dedos.